segunda-feira, 19 de março de 2012

Swingset


Video de Andrea Gibson (tradução de saminterrupted)
http://www.youtube.com/watch?v=IM86SmWE6OU

“Você é um menino ou uma menina?” ele pergunta, me encarando no seu um metro e cara de pudim, e eu digo “Dylan, você está nessa classe há 3 anos e ainda não sabe se eu sou um menino ou uma menina?” e ele diz “uh-uh.” e eu digo “bem, a essa altura, eu não acho que importa, você acha?” e ele diz “uhhhm, não. Tu me empurra no balanço?” e isso acontece todo dia. é uma onda de curiosidade de jardim de infância correndo direto pras pedras que sou eu, o que quer que eu seja.

E a classe, quando a gente discute a via láctea, a órbita do sol em volta da terra.. ou qualquer coisa. jupiter, saturno, marte, e crianças, vocês sabiam que algumas das estrelas que a gente no céu estão tão distantes, que elas já acabaram? o que vocês acham disso? Timmy? “umm.. minha mãe diz que mesmo que você tenha pelo nas pernas, e o cabelo na sua cabeça seja curto, e você cheire mal, que nem meu pai, você é uma garota” “obrigada, Timmy!”

E é assim. no parquinho, ela olha pra mim através dos óculos de sol cor-de-rosa e pergunta, “você tem namorado?” e eu digo não, e ela diz “oooooh, você tem namorada?” e eu digo “não, mas se por algum milagre, daqui uns vinte anos, eu finalmente arrumar uma, eu com certeza vou trazer ela aqui pra te conhecer. que tal?” “ok. me empurra no balanço?”

E é isso. eles não se importam. eles não se importam! nós, por outro lado.. meu pai sentado do outro lado da mesa na ceia de natal, rangendo os dentes em cima do prato ainda cheio, seu apetite arrancado pela intrusão do meu corte de cabelo, “o que você estava pensando? você costumava ser uma menina tão bonita!” colegiais, bêbados, gritando, se inclinando pela janela do carro do papai, “ei! você é viado ou sapatão?” e eu me pergunto o que aconteceria se eu esbarrasse com eles no meio da noite.

E é claro, tem sempre a lâmpada fluorescente do banheiro público que de algum jeito não ilumina o suficiente, “senhor! senhor, você sabia que esse é o banheiro feminino?” “sim, senhora, eu sei, é só que eu não me sinto confortável trocando o absorvente no banheiro masculino.”

Mas o melhor, o melhor é sempre a mãe no mercado, tampando o nariz enquanto empurra pro lado os olhos grandes da filha, sussurando “não encara, é rude” e eu quero dizer, “escuta, moça, a única coisa rude que eu vejo é sua mão paranóica empurrando pro lado a melhor educação sobre "personalidade" que essa garotinha vai conseguir, vivendo com seu batom, pedicure e beleza com cheiro de baunilha; então por que você não pega seus rosas e azuis, suas regras de menino e menina e enfia tudo naquele carro? porque amanhã eu começo meu dia com vinte e oito mentes que sabem bem mais que você e se eu aparecer num vestido rosa de babadinhos, aquelas crianças não vão me amar mais, nem menos”

“ei, você é um menino ou uma - tanto faz, tu me empurra no balanço?” e um dia, galerinha, quando a gente crescer, vai ser tudo simples assim"